Republico aqui uma entrevista realizada por Celso Deucher no blog Diário Sul livre.
COMUNIDADE DAS REPÚBLICAS
INDEPENDENTES DO BRASIL
Em livro
“Comunidade das Repúblicas Independentes do Brasil – CORE”, editado pela
PANNARTZ, do engenheiro paulista Braz Juliano vem agitando os meios culturais e
políticos do País. Baseado em teoria científica e em dados que comprovam as suas
teses, ele propõe nada menos que a divisão do Brasil em quatro nações
independentes, formando o que ele chama de Comunidade de Repúblicas
Independentes do Brasil, título de seu livro, ao qual acrescenta: ‘’Ensaio de
Engenharia Política’’. Essa divisão, segundo ele, baseia-se em fatores
econômicos, geográficos, biológicos, políticos e culturais. Abaixo publicamos
uma breve entrevista com o autor.
DIÁRIO SUL LIVRE – O título de seu
livro lembra a Comunidade Britânica de Nações e, mais recente, a CEI, –
Comunidade de Estados Independentes. O que levou a propor esse assunto tão
explosivo?
BRAZ JULIANO – Uma convicção lastreada em 40 anos de
estudos muito sérios, dentro e fora do Brasil. Mas, também, a constatação de que
o Sul do Brasil vem sendo odiosamente discriminado, particularmente São Paulo.
Basta lembrar que a representação de São Paulo na câmara federal foi reduzida,
apesar do que manda a constituição de 88. Agora, temos a estranha situação de um
eleitor de Roraima (Estado com pouco mais de cem mil habitantes) vale tanto
quanto trinta e três eleitores de São Paulo. Em outras palavras: o voto de um
eleitor de meu estado vale apenas 1/33 do voto de um eleitor de Roraima. A
Constituição garante que ‘’todos são iguais perante a lei’’ e que o ‘’voto terá
o mesmo valor para todos’’. Não é assim que acontece.
DSL – A separação
que o senhor propõe, então, visa ao benefício do Brasil?
BJ – sem
dúvida. A CORE não vem só corrigir essa intolerável discriminação contra os
Estados do Sul, mas ela se justifica pelos ensinamentos de renomados sociólogos,
como Alberto Salles, Torres e Euclides da Cunha. Eu demonstro com apoio em fatos
e em estudo profundo das civilizações antigas e novas que não se pode resolver
os graves problemas regionais do Brasil, com seu imenso território, usando as
mesmas soluções políticas para todos os Estado, tão diferentes entre si. Se não
existe um tipo brasileiro, mas vários, numa unidade que se fragmenta em meios,
costumes, populações e possibilidades de progressos tão diferentes, é inviável
promulgar-se a mesma Constituição para regiões e indivíduos dispares. É
exatamente por isso que o Brasil vive em permanente crise institucional. Veja o
caso do salário mínimo, que abre frente de lutas diversas, pois será bem-vindo
num Estado rico, mas será a desgraça dos Estados pobres, se não for
regionalizado. Fatos como esse corriqueiro na vida política, prova que o Brasil
já são vários brasis, separados por diferentes níveis de civilização e de
progresso.
DSL – Pelo que o senhor disse, sua proposta já tem
precendente no Brasil?
BJ – Sim, inspirei-me principalmente no livro
‘’A Pátria Paulista’’, de Alberto Salles, publicado em 1887. Ele era irmão de
Campos Salles, que presidiu a República de 1898 a 1902. Alberto Salles foi um
grande propagandista da República e do famoso PRP – Partido Republicano
paulista. Seu livro consta de três partes: ‘’O Separatismo em Face da Ciência’’;
e ‘’Confronto do Separatismo com a Nacionalidade’’. Mas eu tenho um presente
para os meus leitores: como se trata de livro raro eu inclui como apêndice do
meu. ‘’A Pátria Paulista’’ foi escrito há 105 anos, mas é de impressionante
atualidade. Veja o que ele diz, em 18887: ’’Quem dá mais do que recebe, quem
paga mais do que deve, é roubado. Eis as verdades que acharam moradia nos
raciocínios do contribuinte paulista, após a publicação de dados oficiais
concernentes à renda da Província. O comerciante diz hoje (em 1887, não
confundir com 1992) o que não murmurava ontem: eu pago três vezes mais imposto
do que deveria pagar. Se São Paulo fosse independente, eu deixaria fortuna e
prepararia meus filhos contra a possibilidade de miséria. Que Estado rico e
florescente não seria São Paulo, se em proveito fossem aplicados os dezessete
mil contos que anualmente desaparecem na voragem imperial?’’ O excesso de
impostos, graçando as indústrias paulistas, levando o cidadão comum à miséria,
enquanto os escândalos se sucedem na Corte, isso é coisa que persiste até
hoje…
DSL – O senhor diz em seu livro que o clima também é um fator que
ajuda na sua separação dos Brasil em quatro países?
BJ – Sim, que o
desenvolvimento humano tem íntima relação com o clima e eu provo, com a própria
História, que as nações mais desenvolvidas sempre estiveram entre os 30 e os 60
graus de latitude norte e que nunca houve uma grande civilização nos trópicos.
Nisso tem razão no determinismo geográfico de Friedrich Ratzel, geógrafo e
sociólogo alemão, que afirma que o homem é integralmente produto do meio e que
tudo lhe é determinado pelo clima. Isto não é difícil de comprovar: qualquer
pessoa, de boa instrução, cosultando um mapa-múndi, descobrirá entre os 30 e 60
graus de latitude norte, longe do clima tropical, portanto, as grandes
civilizações do passado e as do presente. Estados Unidos, Japão, Alemanha,
França, Itália, Grã-bretanha e Canadá, os sete países mais ricos e desenvolvidos
aí se encontram hoje.
DSL – Quais são estas quatro nações diferentes,
mas federada na CORE – Comunidades das Repúblicas Independentes do Brasil, que o
senhor proprõe e que estados fariam parte delas?
BJ – Será preciso
que o leitor leia o meu livro, para conhecer as sólidas razões e argumentos
científicos que me levam a essa proposta, que espero seja discutida em alto
nível. As quatro Repúblicas Independentes seriam:
1ª – República do Brasil
Norte: incluindo os atuais Estados do Acre, Amapá, Mato Grosso, amazonas, Pará,
Rondônia, Roraima, Tocantins;
2ª – República do Brasil Nordeste: Incluindo
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe;
3ª – República do Brasil Sudeste: Incluindo Espírito Santo, Goiás,
Minas Gerais, Rio de Janeiro;
4ª – República do Brasil Sul: Incluindo Mato
Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e São
Paulo.
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