quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O mito do déficit da Previdência

Se a Dinamarca apresentasse à sua população o mesmo método de cálculo que o Brasil apresenta aos seus cidadãos, os dinamarqueses estariam convencidos de que enfrentam um rombo amazônico no seu sistema de Previdência. E por que não estão?
Quem explica é o professor do Instituto de Economia da Unicamp Eduardo Fagnani – que afirma, assim como a economista da UFRJ Denise Gentil demonstrou em suas pesquisas, que o rombo da Previdência é um mito.
A explicação é simples: a Constituição de 1988 estabeleceu – seguindo a experiência internacional de outros países – o mecanismo clássico de financiamento tripartite (trabalhador, empresa e governo) da Seguridade Social. É como a Dinamarca, por exemplo (onde a contribuição do governo na conta, diga-se de passagem, é mais elevada) , contabiliza as suas fontes de financiamento da Seguridade.
“Na Dinamarca, por exemplo, mais de 50% dos recursos da seguridade social vêm do Estado; o restante, de trabalhadores e empresas. Em relação ao PIB, o trabalhador lá contribui com o equivalente a 2% do PIB e a empresa, com 3%, enquanto o Estado entra com 28% do PIB. Se na Dinamarca houvesse as mentiras, os mitos difundidos aqui, o rombo da Previdência daquele país seria de 28%! Por que não existe rombo? Porque contabilizam o orçamento da forma clássica, tripartite.”
Já as contas apresentadas pelo Brasil aos cidadãos para justificar o rombo da Previdência consideram, apenas, a receita representada pelas contribuições previdenciárias (contribuições ao INSS de trabalhadores e empregadores). Ou seja, desconsideram outras fontes de receita para a Seguridade Social estabelecidas pela Constituição de 88.
“De acordo com nossa Carta, a Seguridade Social deve ser financiada pelo Orçamento da Seguridade Social (artigos 194 e 195), um conjunto de fontes próprias e exclusivas: as contribuições sociais pagas pelas empresas sobre a folha de salários, o faturamento e lucro; e as contribuições pagas pelos trabalhadores sobre seus rendimentos do trabalho. Além disso, há a contribuição do governo, por meio de impostos gerais pagos por toda a sociedade. Entre esses impostos, destacam-se as contribuições sobre o faturamento (Cofins) e sobre o lucro liquido (CSLL), criadas também em 1988 para que o Estado integralizasse sua parte”, diz Fagnani.
Em outras palavras: quando se computa apenas um pilar das receitas determinadas pela Constituição para financiar a Previdência (as contribuições previdenciárias), a conta do pagamento das aposentadorias não fecha. Assim apresenta-se o “rombo”, e a necessidade da reforma da Previdência.
Como já explicou a pesquisadora da UFRJ Denise Gentil:
Para se ter uma ideia da diferença que esse ‘detalhe’ faz, contadas apenas as contribuições previdenciárias, a receita bruta da previdência em 2014 foi de R$ 349 bilhões para pagar um total de R$ 394 bilhões de benefícios. Essa conta, que Denise caracteriza como “simplista”, mostra um déficit de R$ 45 bilhões — ainda assim muito menor do que o anunciado pelo governo. Quando, no entanto, se considera a receita total, incluindo os mais de R$ 310 bilhões arrecadados da CSLL, Cofins e PIS-Pasep, esse orçamento pula para R$ 686 bilhões.
“Talvez você esteja supondo que o dinheiro que sobrou no orçamento da seguridade social mas faltou no da previdência tenha sido usado nas outras duas áreas a que, constitucionalmente, ele se destina: saúde e assistência. Mas essa é uma meia verdade. A soma dos gastos federais com saúde, assistência e previdência totalizou, em 2014, R$ 632 bilhões. Como o orçamento da seguridade foi de R$ 686 bi, no final de todas as receitas e todas as despesas, ainda sobram R$ 54 bilhões. E como esse saldo se transforma em déficit? Com uma operação simples: antes de destinar o dinheiro para essas áreas, o governo desvia desse orçamento 20% do total arrecadado com as contribuições sociais, o que, em 2014, significou um ralo de R$ 60 bilhões”, aponta Denise Gentil.
8 de Dezembro de 2016

Do site da Fiocruz:

O mito do déficit da Previdência

O deficit da Previdência é um mito. Da Assembleia Nacional Constituinte, nos anos 1980, aos dias atuais, setores detentores de riqueza do país desenvolvem ativa campanha difamatória e ideológica orientada para demonizar a Seguridade Social e, especialmente, o seu segmento da Previdência Social (a Seguridade Social compreende, ainda, a Saúde e a Assistência Social). Há um esforço dessas elites em comprovar a inviabilidade financeira da Previdência, cujo gasto equivale a 8% do PIB, para justificar nova etapa de retrocesso em direitos garantidos pela Constituição de 1988.
De acordo com nossa Carta, a Seguridade Social deve ser financiada pelo Orçamento da Seguridade Social (artigos 194 e 195), um conjunto de fontes próprias e exclusivas: as contribuições sociais pagas pelas empresas sobre a folha de salários, o faturamento e lucro; e as contribuições pagas pelos trabalhadores sobre seus rendimentos do trabalho. Além disso, há a contribuição do governo, por meio de impostos gerais pagos por toda a sociedade. Entre esses impostos, destacam-se as contribuições sobre o faturamento (Cofins) e sobre o lucro liquido (CSLL), criadas também em 1988 para que o Estado integralizasse sua parte.
Mas a Constituição não inventou a roda. Essas definições seguem a experiência internacional. Com o Orçamento da Seguridade Social, os constituintes estabeleceram o mecanismo de financiamento tripartite clássico (trabalhador, empresa e governo) dos regimes do Welfare State. Estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2006, demonstraram que, para um conjunto de quinze países da OCDE, em média, os gastos com a Seguridade Social representam 27,3% do PIB e são financiados por 38% da contribuição dos empregadores; 22% da contribuição dos empregados; e 36% da contribuição do governo. Dinamarca, Irlanda, Luxemburgo, Reino Unido e Suécia têm a participação do governo relativamente mais elevada.
Na Dinamarca, por exemplo, mais de 50% dos recursos da seguridade social vêm do Estado; o restante, de trabalhadores e empresas. Em relação ao PIB, o trabalhador lá contribui com o equivalente a 2% do PIB e a empresa, com 3%, enquanto o Estado entra com 28% do PIB. Se na Dinamarca houvesse as mentiras, os mitos difundidos aqui, o rombo da Previdência daquele país seria de 28%! Por que não existe rombo? Porque contabilizam o orçamento da forma clássica, tripartite.
O que aqui se insiste em chamar de déficit refere-se simplesmente ao fato de, desde 1989, tanto o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) quanto a área econômica não contabilizarem a contribuição do Estado. Adota-se o critério contábil segundo o qual a sustentação financeira da Previdência depende exclusivamente das receitas próprias do setor (empregados e empregadores). A parcela que cabe ao governo no sistema tripartite não é considerada, embora exista. O déficit nada mais é do que a parte do Estado que não se contabiliza.
Em 2012, de um total de R$ 317 bilhões utilizados para pagar benefícios previdenciários, as contribuições exclusivamente previdenciárias (empresas e trabalhadores) somaram R$ 279 bilhões (88% do total). A parcela estatal, de apenas 12%, portanto, corresponde a um montante muito inferior à terça parte (33%) que lhe caberia numa conta tripartite. Essa prática contábil cria e alardeia um falso déficit, para justificar mais reformas, com corte de direitos.
Se organizado da forma como ordena a Constituição, o Orçamento da Seguridade Social é superavitário, como mostram diversos estudos. Em 2012, por exemplo, apresentou saldo positivo de R$ 78,1 bilhões – as receitas totalizaram R$ 590,6 bilhões e as despesas atingiram R$ 512,4 bilhões (ANFIP, 2013).
A Seguridade Social é o mais importante mecanismo de proteção social do país e também um poderoso instrumento do desenvolvimento: contempla transferências monetárias para a Previdência Social (rural e urbana) e oferta de serviços universais pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Sistema Único de Assistência Social (Suas) e Sistema Único de Segurança Alimentar e Nutricional (Susan), bem como pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
À luz da Constituição, não há como se falar em déficit na Previdência Social. Na verdade, sobram recursos, que são utilizados em finalidades não previstas na lei. Todas as mudanças previdenciárias levadas à frente pelos países são para aperfeiçoar o sistema, não para destruí-lo, como aqui, de forma a capturar recursos para outras finalidades. Assim, como ocorria na ditadura, a Seguridade Social continua a financiar a política econômica.
* Professor do Instituto de Economia da Unicamp, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (Cesit/IE-Unicamp) e coordenador da rede Plataforma Política Social.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Mulher não dá


"Entenda uma coisa:
Não existe mulher que "dá" no primeiro encontro 
Existe mulher que faz sexo quando está com vontade.
Ela não te "deu"
Ela nunca te pertenceu
Então não venha com essa de "ela deu pra mim"
Porque na verdade, ela não foi sua.
Ela não conta primeiro, segundo ou terceiro encontro
Ela valoriza os momentos
Ela valoriza as conversas
Os sorrisos
Os olhares
Ela valoriza aquilo que desperta vontade
Aquilo que desperta tesão em viver.
Se ela fez SEXO com você
É porque ela quis.
Não pense que ela faz sexo com todos
Ou pense se quiser
Até porque isso não é da sua conta.
Você não "comeu" ela
Ela ainda está inteira
Ainda ri de coisas bobas na TV
Ainda lê um livro antes de dormir
Ainda sai com suas amigas no sábado a noite
E almoça na casa dos pais no domingo.
Você não "comeu" ela
Porque gente não se come
Se sente.
Ela não saiu por aí gritando para todos
O quanto a transa de vocês foi ruim
Ou o quanto você foi grosso com ela
Ela não precisa dividir isso com ninguém
Então porque você precisa?
Pra se sentir mais "macho" ?
Pra se sentir mais "homem"?
Não cara
Ela não é metade do que você pensa
Ela é tão extraordinária
Que nem cabe dentro dos seus pensamentos.
Ela não te ligou
E ela não estava esperando você ligar
Ela não precisa da sua aprovação
Ela não precisa saber se foi bom pra você
Porque se tiver sido bom para ela
Ela vai fazer acontecer de novo.
Não, ela não estava bêbada
Nem drogada
Ela fez porque quis
Porque tava afim.
Quando ela se arrumou naquela noite
Ela já sabia que seria pra enlouquecer
Ou enlouquecer alguém
E pode ter certeza que você não a enlouqueceu.
Você não ganhou ela na sua conversa fiada
Ela foi porque tava afim
Porque ela te escolheu.
Não saia por aí dizendo que você a ganhou
E que você ganha a hora que quiser.
Ela não te viu como um pedaço de carne
Ela não enxerga ninguém assim
Ela gosta de conexões
Nem que seja só por uma noite
Ela gosta de se sentir ligada a alma de alguém
De sentir o calor
De olhar nos olhos
De sentir prazer físico e emocional
E se ela tiver te achado vazio demais
Não vai rolar de novo.
Você pode rezar
Implorar
Mandar flores
Ela é decidida
Tem personalidade forte.
E no dia em que ela se casar
Vai ser com um cara de muita sorte
Porque de todas as conexões
Aquela terá sido a mais forte
Ele terá sido a alma que ela escolheu
E os dois serão eternamente enlouquecidos
Um pelo outro.
E você?
Ah cara,
Você vai continuar perdendo tempo
Falando por aí das mulheres que você acha que comeu
Vai continuar perdendo tempo achando que ganhou alguém
Você vai acabar sozinho
Porque nunca soube se conectar
Nunca soube sentir a alma de alguém."
-Helena Ferreira.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Sabedoria do mestre

Um aluno de kung fu pergunta ao mestre:
- Mestre, por que minha habilidade não evolui e eu sempre sou vencido? 
E o mestre com toda a paciência responde:
- Meu querido aluno, vc já viu as gaivotas voando, flamejantes, pelo sol poente?
- Sim, meu mestre, eu já vi.
- E uma cachoeira derramando-se sobre uma pedra sem tirar nada do seu devido lugar?
- Sim, meu mestre, já presenciei.
- Então, a lua.. Quando toca a água calma, refletido toda sua enorme beleza?
- Sim, meu mestre, também já observei tal fenômeno.
- Esse é o problema. Tu fica vendo essas merdas aí e não treina...