quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Descoberta reveladora é feita sobre o cérebro de pessoas extremistas

Pessoas com visões extremistas não são identificadas apenas por suas crenças políticas, religiosas ou sociais, de acordo com novas pesquisas.

Essas convicções ideológicas são profundas, dizem os cientistas – tão profundas, na verdade, que podem ser reconhecidas em uma “assinatura psicológica” de traços cognitivos e aptidões que tipificam os padrões de pensamento da mente extremista, reporta o Science Alert.

“Parece haver semelhanças ocultas nas mentes daqueles mais dispostos a tomar medidas extremas para apoiar suas doutrinas ideológicas”, explica o psicóloga Leor Zmigrod, da Universidade de Cambridge.

“Essa assinatura psicológica é nova e deve inspirar mais pesquisas sobre o efeito do dogmatismo nos processos de tomada de decisão perceptivos”, escreve ela e colegas em seu estudo recém-publicado.

Além disso, é possível que esses padrões psicológicos possam ser o que obriga alguns indivíduos a adotar posições ideológicas fortes ou radicais em primeiro lugar, sugerem os pesquisadores.

“Dificuldades sutis com processamento mental complexo podem subconscientemente empurrar as pessoas para doutrinas extremas que fornecem explicações mais claras e definidas do mundo, tornando-as suscetíveis a formas tóxicas de ideologias dogmáticas e autoritárias”, diz Zmigrod.

No novo estudo, Zmigrod e outros pesquisadores realizaram um experimento com 334 participantes, que forneceram informações demográficas e preencheram uma série de questionários ideológicos sobre suas crenças pessoais, incluindo crenças políticas, sociais e religiosas.

Em um estudo anterior, não relacionado, envolvendo o mesmo grupo de pessoas, os participantes haviam realizado um extenso conjunto de testes de “jogos cerebrais” – tarefas cognitivas e comportamentais em um computador, projetadas para testar a memória de trabalho, processamento de informações, aprendizado e atenção plena, entre outros.

Quando Zmigrod publicou os resultados dos questionários ideológicos em contraste com os testes cognitivos, ela fez uma descoberta surpreendente.

“Descobrimos que indivíduos com atitudes extremistas tendem a ter um desempenho ruim em tarefas mentais complexas”, explicou ela para o The Conversation.

“Eles lutaram para completar testes psicológicos que requerem passos mentais intrincados.”

Especificamente, aqueles com atitudes extremistas — como endossar a violência contra grupos específicos da sociedade — mostraram memória de trabalho mais pobre, estratégias perceptivas mais lentas e tendências impulsivas de busca de sensação.

No entanto, os testes não destacaram apenas os traços do pensamento extremista, outros tipos de crenças ideológicas também revelaram suas assinaturas psicológicas.

Os participantes que mostraram pensamento dogmático demoraram mais para acumular evidências em tarefas de tomada de decisão aceleradas, descobriram os pesquisadores, mas também eram mais impulsivos e propensos a correr riscos éticos.

Indivíduos politicamente conservadores mostraram redução no processamento de informações estratégicas, maior cautela na resposta em paradigmas de tomada de decisão perceptiva e exibiram aversão a assumir riscos sociais.

Em contraste, os participantes com crenças liberais eram mais propensos a adotar estratégias perceptivas mais rápidas e menos precisas, exibindo menos cautela em tarefas cognitivas.

Da mesma forma que o grupo conservador, as pessoas com visões religiosas refletiram maior cautela e redução do processamento de informações estratégicas no domínio cognitivo, juntamente com maior afabilidade, percepção de risco e aversão ao risco social.

“Nossa pesquisa mostra que nossos cérebros contêm pistas — metáforas sutis, talvez — para as ideologias que escolhemos seguir e as crenças nas quais nos apegamos rigidamente”, explica Zmigrod .
“Se nossa mente tende a reagir aos estímulos com cautela, ela também pode ser atraída por ideologias cautelosas e conservadoras. Se lutarmos para processar e planejar sequências de ação complexas, podemos ser atraídos para ideologias mais extremas que simplificam o mundo e nosso papel dentro dele.”

Claro, os resultados aqui estão abertos a um grau razoável de interpretação, e há limitações para o que estudos psicológicos relativamente pequenos como este podem nos dizer sem replicação adicional envolvendo amostras maiores.

No entanto, a metodologia aqui pode estabelecer a base para testes psicológicos futuros que podem ser capazes de identificar indivíduos em risco de radicalização e adotar crenças extremistas, bem como sugerir que tipo de pensamento protege as outras pessoas disso.

“A [análise] revela as maneiras pelas quais estratégias de tomada de decisão perceptiva podem se infiltrar em crenças ideológicas de alto nível, sugerindo que uma dissecação da anatomia cognitiva das ideologias é um esforço produtivo e esclarecedor”, escrevem os autores em seu estudo.

“Ele elucida tanto as vulnerabilidades cognitivas a ideologias tóxicas quanto as características que tornam os indivíduos mais humildes intelectualmente, receptivos às evidências e, em última análise, resilientes à retórica extremista.”

As conclusões foram publicadas na revista Philosophical Transactions da Royal Society B.

Por Marcelo Ribeiro, em 24.02.2021
Fonte: https://hypescience.com/cerebros-extremistas-tem-um-desempenho-ruim-em-tarefas-mentais-complexas-descobre-estudo


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Português não é para amador


Um poeta escreveu:

"Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar".

Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução.

Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê.

Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô.

No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável...

Pense no cágado, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração.

E há outros casos, claro!

Eu não me medico, eu vou ao médico.

Quem baba não é a babá.

Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária.

Será que a romã é de Roma ?

Seus pais vêm do mesmo país ?

A diferença na palavra é um acento; assento não tem acento.

Assento é embaixo, acento é em cima.

Embaixo é junto e em cima separado.

Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô ?

Quem sabe mais entre a sábia e o sabiá ?

O que tem a pele do Pelé ?

O que há em comum entre o camelo e o camelô ?

O que será que a fábrica fabrica ?

E tudo que se musica vira música ?

Será melhor lidar com as adversidades da conjunção ”mas” ou com as más pessoas ?

Será que tudo que eu valido se torna válido ?

E entre o amem e o amém, que tal os dois ?

Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta.

É a primeira vez que tu não o vês.

Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha.

Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo.

Vão cassar o direito de casar de dois pais no meu país.

Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração.

Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto.

Ao empossar, permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas.

Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa.

Calça, você bota; bota, você calça.

Oxítona é proparoxítona.

Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o público entenda aquilo que publico.

E paro por aqui, pois esta lista já está longa.

Realmente, português não é para amador!

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Na recepção de um salão de convenções, em Fortaleza…

– Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.

– Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?

– Sou de Maputo, Moçambique.

– Da África, né?

– Sim, sim, da África.

– Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.

– Desculpe, qual sala?

– Meia oito.

– Podes escrever?

– Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito. Assim, veja: 68.

– Ah, entendi, meia é seis.

– Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: a organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material. Gostaria de encomendar?

– Quanto tenho que pagar?

– Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.

– Huummm! Que bom. Aqui está: seis reais.

– Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?

– Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?

– Isso, meia é cinco.

– Tá bom, meia é cinco.

– Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.

– Então já começou há quinze minutos, são nove e vinte.

– Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.

– Pensei que fosse às 9h05, pois meia não é cinco? Você pode escrever aqui a hora que começa?

– Nove e meia, assim, veja: 9h30.

– Ah, entendi, meia é trinta

– Isso mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas. O senhor já está hospedado?

– Sim, já estou na casa de um amigo.

– Em que bairro?

– No Trinta Bocas.

– Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?

– Isso mesmo, no bairro Meia Boca.

– Não é meia-boca, é um bairro nobre.

– Então deve ser cinco bocas.

– Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?

– Acabou?

– Não, senhor… É proibido entrar no evento de sandálias. Coloque uma meia e um sapato…


O africano enfartou…


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