Considerações a respeito do voto em branco ou nulo são importantes, na antevéspera das eleições do segundo turno, em todo o país!
De acordo com a nossa legislação, o voto em branco ou nulo não tem validade nenhuma. Muitos ainda pensam que o voto em branco ou nulo é uma forma de protesto a uma situação esdrúxula em que vivemos. Nada mais errado!
Quem vota em branco ou nulo toma a mesma posição da avestruz do deserto africano.
A avestruz, maior, mais pesada e mais rápida das aves, não voa, tem o maior ovo do mundo, ostenta um corpo grande, um pescoço longo, uma cabeça relativamente pequena, grandes e longas pernas. Embora não se confirme, a avestruz, quando se sente amedrontada, esconde a cabeça debaixo da areia, expondo todo seu corpo para fora, “imaginando”, assim, fugir do perigo...Apesar disso ser um mito (ela enfia a cabeça no buraco onde depositou seus ovos). Mas em virtude desse mito, a expressão “mentalidade de avestruz” passou a aplicar-se àquela pessoa que tem medo de enfrentar um problema, que pratica um ato de covardia, que se omite...
O eleitor que vota em branco imita a avestruz do deserto, escondendo a cabeça ou negligenciando em quatro pontos. Primeiro, abdica da magna prerrogativa de escolher, no regime democrático, um seu representante. Segundo, covarde e preguiçosamente não escolhe um candidato, por desleixo ou por achar que nenhum candidato tem qualificações necessárias. Terceiro, deixa de participar do governo de sua comunidade, anulando a própria cidadania! Quarto, abstendo-se de votar, oportuniza e favorece a eleição do pior candidato, tirando do “menos ruim” mais um voto!
Elencamos os argumentos dos eleitores que pretendem anular seu voto e apresentamos as respectivas refutações.
1- “Nenhum candidato apresenta os requisitos necessários para exercer o cargo”.
Podemos até concordar, mas objetamos: torna-se verdadeira balbúrdia a comunidade que não possui um governo. Instaura-se verdadeiro caos. Tende a desaparecer! Qualquer comando, por pior que seja, é preferível a um grupo acéfalo, em que cada indivíduo faz o que bem entende... É imprescindível, então, que haja um dirigente! Cabe-nos escolher, por conseguinte e optar “pelo menor mal, entre dois males” - dilema presente em todas as circunstâncias de nossa vida! Nenhuma pessoa é igualmente boa, nenhuma pessoa é igualmente má. Sempre existe uma graduação. Devemos escolher, então, o “menos ruim”! O silogismo é lógico!
2- “Voto em branco, porque não quero comungar com os erros que, certamente, serão cometidos por aquele vencedor que recebeu o meu voto”. “Não quero tornar-me corresponsável pelos erros que serão cometidos por ele, quando assumir o governo”.
- Ora, a responsabilidade maior não é essa. A responsabilidade maior é a do cumprimento do meu dever cívico! É esta a responsabilidade a que devemos nos ater. Se houver falhas no governante, estas falhas não deverão ser imputadas a nós. Nós fizemos aquilo que nos competia fazer. Nada mais!
3- “Voto em branco, porque quero ver o meu protesto registrado, quero ver o meu protesto publicado. Deverá ser sintomático o número dos votos em branco”!
Pois bem, a legislação é clara: não são computados, para qualquer fim, nem validados os votos brancos ou nulos! O candidato eleito e consciente tem outros parâmetros, que não esse, do número dos votos nulos - para nortear suas ações, seu trabalho. É desprezível o número maior ou menor de votos inválidos!
Portanto, o meu protesto, para ser eficaz, devo manifestá-lo, de outra forma. Inteirando-me dos assuntos relativos à minha comunidade; instando junto aos eleitos, para que cumpram o programa anunciado em campanha; exigindo deles prestação de contas; esclarecendo, no âmbito de minha família e do meu grupo, que o voto não pode ser objeto de troca, nem pagamento de favores... O meu melhor protesto é o meu comportamento social, é o cumprimento das leis de trânsito, é não corromper nem ser corrompido, é cumprir, sem esmorecimentos, os meus deveres cívicos!
Em suma, o voto branco ou nulo constitui um verdadeiro suicídio político, uma prova cabal de minha incapacidade política, de minha apatia, de meu descaso para com a minha comunidade, de meu desprezo para com o bem comum, de meu desinteresse para o aprimoramento de minha cidadania, da pouca importância que dou ao meu bem-estar e ao bem-estar de minha família, ou seja, de meu pouco amor à minha própria Pátria! PARTICIPAÇÃO é grandiosa forma de patriotismo!
Não imitemos, jamais, o mito da avestruz do deserto.
(advogado Cezar José Maksoud)
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