sábado, 16 de abril de 2011

Ariel: um nome, duas histórias

Das raras motos antigas aos exclusivos superesportivos modernos.


Não se deixe enganar pelo nome. Mesmo conterrâneas da Inglaterra, a tradicional marca de motos Ariel nada tem haver com a moderna fabrica dos distintos e rápidos esportivos. São 34 anos que separam a última vez que o nome foi utilizado no século vinte pela fábrica em Bournbrook, em Birmingham, até o dia que o nome “Ariel” voltar em cena, na cidade de Crewkerne, no estado de Somerset, com os 7 caras que fabricam cerca de 100 carros por ano.

O passado
Após envolver-se com o pioneirismo nos pneus e com as primeiras rodas raiadas metálicas, a Ariel começou a produzir bicicletas em meados de 1870. Em 1885 a companhia apresentou ao mundo a primeira bicicleta com as características atuais, com tração traseira através de correia com catraca e rolamento, além de possuir duas rodas do mesmo tamanho – essa era a Rover Safety Bicycle. Onze anos depois (1901) a empresa entrou no mundo motorizado, com um triciclo que usava um motor de 2.2 cavalos.
No período entre 1900 e 1915, e entre 1922 a 1925, a empresa também começou a fabricar carros. Embora poucos modelos, foram fabricados de modestos veículos com motores de dois cilindros a outros de seis cilindros e 15.9l de cilindrada.
Foi com as motos, entretanto, que a empresa ganhou destaque e ficou mundialmente conhecida. Sempre raras, a primeira a entrar em produção foi uma de 211 cc, em 1901. Após apresentar desenho parecido até 1926, vieram as famosas “Black-Ariels”, com motor de quatro tempos, conhecidas como “A Moderna Motocicleta”. Em 1931 surgiu a Ariel Square Four de 500 cc e em 1937 um modelo com 1000 cilindradas.
Sempre criando tendências e evoluções, em 1952 a moto Mark 2 Square Four atingiu a mítica marca de 100 milhas por hora (160km/h). Mas a fábrica foi decaindo e em 1959 passou a comercializar somente dois modelos, sendo o principal um de 250 cilindradas. A última Ariel foi fabricada em 1967.

O presente
Sem ligação nenhuma com a antiga fábrica, a denominação Ariel voltou a figurar na Inglaterra em 2001, quando foi criada a Ariel Ltd. A empresa, na verdade, foi fundada em 1991, e era conhecida antes como Solocrest Limited até receber a nova denominação. Em pouco tempo ficou conhecida no mundo todo com seu superesportivo feito especialmente para as pistas, o Atom.
O carro é o que há de mais extremo para se pilotar, o máximo que se pode chegar perto da sensação de estar em um Fórmula Um sem estar em um Fórmula “verdadeiro”. Capota, vidros, aparelho de som, ar-condicionado, nada disso tem em um Atom. Como em um Fórmula Um, ele conta apenas com aquilo necessário para correr nas pistas, carregando o mínimo possível de peso. E o “piloto” precisa utilizar capacete – exceto se o feliz proprietário quiser ser atingido por dejetos ou insetos diretamente no rosto a mais de 200km/h nas pistas.
Para quem quer muita diversão por baixo preço (35 mil libras - cerca de R$ 95 mil sem os impostos e taxas brasileiras), a versão de entrada do Atom conta com um motor Honda 2.0l, de 4 cilindros, aspirado do Civic Si Type R, que rende 245 cavalos. Aparentemente é um motor fraco, que não renderia um bom desempenho. Isso em teoria, porque com seu peso de apenas 480 kg, apresenta uma relação peso/potência incrível, superior a qualquer Ferrari ou Lamborghini. Auxiliado pelo baixo centro de gravidade, faz o carro acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 2,9s!
A versão intermediária do veículo é a que conta com um supercharger no motor 2.0, desenvolvendo 300 cavalos. Assim, a relação peso/potência é de 1,6kg, inferior ao do Bugatti Veyron. Nessa versão o carrinho acelera de 0 a 100km/h em pouco mais de 2,5s. Devido a baixa potência, o carro não desenvolve força contra o arrasto aerodinâmico e a velocidade máxima não é das maiores: 240km/h.
A maxima pode até não saltar aos olhos, mas é uma marca respeitável, visto que as Ferraris, Lamborghinis, Corvettes, Ford GT e Audi R8 do GT3, entre outros, não ultrapassam 260 km/h nas retas de Interlagos ou Curitiba. Cabe destacar que o Atom foi feito pra se divertir com a dirigibilidade e agilidade, para andar muito em circuitos – é mais rápido que quase todos os superesportivos originais -, e não para competir em campeonatos de velocidade máxima.
Em Janeiro foi lançada também uma versão especial, em comemoração aos 10 anos do modelo. Além da pintura diferenciada e do escrito “Mugen” (uma espécie de preparadora da Honda), o motor 2.0 aspirado recebeu melhorias e desenvolve 270 cavalos (inacreditáveis 135 cv/l em um aspirado).
O canhão
E se colocar um V8 em um carrinho desses? Pois bem, foi isso que a Ariel fez e o novo modelo é grande destaque da marca, o mais desejado entre eles. Denominado de “500 V8” devido ao seu peso de 500 kg e sua potência de 500 cavalos, possui impressionantes 1000 kg/tonelada na relação peso potência. Com rotação máxima de 10mil RPM’s no motor de 2,4l, o carro acelera de 0 a 100 km/h em pouco mais de 2 segundos e atinge a máxima de quase 300 km/h. Só não é maior pelos tubos aparentes que geram um arrasto aerodinâmico; se fosse “fechado”, seria mais rápido em altas velocidades.
Jeremy Clarkson, do conceituado programa automotivo inglês Top Gear, fica maravilhado e impressionado com tudo do modelo. Sem capacete, sofreu muito, como pode notar no vídeo abaixo. “É tão rápido que pode até destruir toda a sua cara”, exclamou o apresentador e repórter. E, no fim, na comparação com um Porsche GT3 RS no circuito de Ímola, na Itália, meteu quase 7 segundos no esportivo alemão em uma simples volta.














      
Fernando Rogalla - @Fernandorogala


Retirado do Site Mundo Intóxica
http://www.mundointoxica.com.br/materia/546/Ariel:+um+nome,+duas+hist%C3%B3rias

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