sexta-feira, 17 de março de 2017

Família Padilha — Os primeiros Padilhas do Brasil

Notas Históricas e GenealógicasEdição 5–2017
por: Eduardo Padilha dos Santos

Família Padilha do Brasil — Foto: Ilustrativa

Alguém já lhe contou sobre a origem da família Padilha? E o que contaram?

Ao pesquisar sobre a origem da família Padilha na internet, é fatal que encontremos o seguinte texto:

“O nome Padilha originou-se do nome da nobreza espanhola Padilla, mais especificamente de Dª. Maria de Padilla, mais conhecida como Maria Padilha a amante, conselheira e, posteriormente, esposa de Dom Pedro I, de Castela.”

E por aí vai.
Pedro I de Castela, cognominado o Cruel (1334–1369) — Foto: (Wikipédia)

Mas não foi essa história que ouvi de meus ancestrais!

Histórias
Na verdade ao longo da pesquisa, já ouvi diversas histórias envolvendo a família Padilha, quando trata-se de Brasil vejamos algumas.

Eram espanhóis que chegaram no Brasil no século XVI ou XVII, provindos da nobreza espanhola ou portugueses vindo junto a família real em 1808.

Tem outra, 3 irmãos oriundos da Espanha e ao chegarem no Brasil por volta do fim do século XVII migraram-se cada um para uma determinada região doBrasil, Nordeste, Sudeste e Sul e ali proliferaram suas descendências e assim temos muitas outras histórias e narrações.

Mas qual delas é verdadeira? Difícil de saber não?

Ofato é que há muitas especulações e poucas comprovações. Algumas diria até fantasiosas, outras interessantes e umas um tanto duvidosas, essas devemos tomar uma certa precaução. Todavia aprendi que na genealogia NÃO devemos desprezar nenhum dado fornecido, seja ele via relato oral ou documental, pois ora esses passam a fazer sentido em nosso “quebra-cabeça”.

Enfim, e no Brasil? Qual foi o primeiro Padilha a colocar os pés em terras do domínio da coroa portuguesa?

Quando tratamos de família Padilha no Brasil, sendo esse o foco do artigo aparece uma certa obscuridade, pois não é claro o mapeamento dos primeiros colonos “Padilhas” no Brasil (século XVI, documentação precária), tão pouco a genealogia da família compreendendo o seu ramo europeu mas temos algumas pistas, alguns nomes que apontarei ao decorrer do artigo.

Seriamos nós, Padilhas do Brasil, realmente descendentes da nobreza espanhola? Procedentes do Cruel, Pedro I de Castela?

Talvez, a documentação no Brasil, anterior ao século XVII, diria que é algo terrível de encontrar, caso a obtenha diria que é algo divino. No entanto temos que ser perseverantes e contar com o que encontramos ou ouvimos, e analisar cada caso minuciosamente para tentar traçar uma linha corroborativa.

Partindo desse principio vamos analisar algumas literaturas + enciclopédias + pesquisas de campo e ver o que elas nos oferece.

Padilhas no Brasil

A infografia abaixo demonstra em ordem cronológica, alguns (Padilhas) importantes” localizados no Brasil, há muitos outros nomes mas estabeleço por enquanto os primeiros registros com suas respectivas comprovações a seguir.


Algum desses nomes é comum para você? Acredito que não, então vamos esmiuça-los.

Detalhamento e Comprovações

A seguir específico 10 troncos da família Padilha, em ordem cronológica de fatos ocorridos aos mesmos. Também eles, estão agregados de suas referências biográficas e documentações pesquisadas, desvelando a veracidade da existência de cada membro citado.

Informo também.
Há muitos outros Padilhas localizados e, que aqui, não vou expor, caso contrário o artigo seria extenso demais. Contudo é possível visualizar todos os membros pesquisados juntamente em companhia de suas respectivas genealogias pelo site omeulegado.com.br.

Documentação

Referência
Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Edição 61, pág. 86 e 156.

1º — [1589] — Bahia
Cap. André Padilha de Barros (Português), veio em 1589 para a Bahia, onde foi Cap. de infantaria e lutou com os holandeses, tornando-se fidalgo do rei, D. Filipe I e também Filipe II em Espanha. Em 1607, casa-se comMaria Rangel (b. 15.04.1585)-BA e em 1612 teve duas léguas de terras em Passé. Sua consorte é filha de Rafael Teles, patriarca desta família Teles.


Referência
Documentação Histórica PernambucanaSesmarias Vol.I, pág. 63–65.

2º — [1699] — Alagoas
Cap. Apolinário Fernandes Padilha (Português), adquiriu o engenho Massayó, hoje atual cidade de Maceió, casado com Beatriz Ferreira não temos confirmação de sua descendência, alguns dizem que voltou paraPortugal outros que sua prole prosperou por outros estados do nordeste, fico com a segunda suposição pois encontrei muitos Fernandes Padilha e FerreiraPadilha dessa região, inclusive em minha linha direta de ancestralidade.




Referência
Conselho UltramarinoSão Paulo, Carta ao juiz ordinárioManuel Pereira Padilha.

3 º— [1700] — São Paulo
Alf. Manuel Pereira Padilha (Português), deixando geração do seu casamento com Inês de Siqueira, bisneta de Antônio Nunes de Siqueira, patriarca desta família Nunes de Siqueira.


Referência
Nobiliarquia Pernambucana Título dos Barbalhos Silveiras, pág. 413, citação a Catarina Barbalho e Aniceto Ferreira Padilha.

4º — [1728] — Pernambuco
Aniceto Ferreira Padilha, morador na Barra do Cunhaú, é natural de Muribeca, que deixou geração do seu casamento com Catarina Barbalho, filha de Francisco Ribeiro Bessa.


Referência
Conselho UltramarinoBrasil -Pernambuco, requerimento de patente ao Cap. João Baptista Padilha.

5º — [1742] — Pernambuco
Cap. João Baptista Padilha, nasceu (01.08.1742) em Olinda, Pernambuco filho de Lourenço de Freitas e Abreu e Maria Magdalena do Espirito Santo, deixando geração do seu casamento com Ana Maria da Silveria, falecido em (09.11.1803) em Recife, Pernambuco, encontrei algumas cartas de requerimento (oficio) do Capitão junto a corte portuguesa.


Referência
Conselho UltramarinoBrasil -PE, requerimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha.

6º — [1745] — Pernambuco
Sgto-Mor. Lourenço de Freitas Padilha, nasceu aproximadamente (1745), irmão do Cap. João Baptista Padilha citado acima, filho de Lourenço de Freitas Padilha e Abreu e Maria Magdalena do Espirito Santo de seu consorte com Ana Maria Margarida da Conceição, encontrei 02 filhos Antônio Fernandes Padilha e Francisca Fernandes Padilha casada com Manoel da Assumpção Padilha desse casal segue a descendência do Brig. Antônio Fernandes Padilha citado logo abaixo.


Referência
Testamento e partilha de bens de Teodora de Campos Bitancour (1806), com citação a sua filha órfã Ana de Freitas Padilha.

7º — [1770] — Pernambuco
Cap. Leandro Pereira Barbosa, viveu na cidade de Altinho-PE, depois migrando-se para Bonito-PE, deixando geração do seu casamento com Teodora de Campos Bitancour, uma de suas filhas Ana de Freitas Padilha,casara com Vicente Ferreira Callado, filho do Cap. Antônio José FerreiraCallado e Felícia de Almeida, patriarca desta família Callado, de Pernambuco de onde procede meu tronco familiar e de muitos Callado de Pernambuco.


Referência
Assento de matrimônio deAntônio Gonçalves Padilha, assento do livro da cúria de São Paulo (Paraná) neste período.

8º — [1770] — Paraná
Antônio Gonçalves Padilha, esse provavelmente um dos primitivos troncos do Sul do país, no assento de casamento dele sua consorte, Dona Maria França Moreira, diz ser natural da Vila Curitiba ou seja sua geração já estabelecida no Brasil, é filho de Felipe Gonçalves Padilha e Ignacia […] de Assunção.


Referência
Nota de falecimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha, emitida pelo Jornal do Recife em 05.08.1862.

9º — [1797] — Pernambuco
Brig. Antônio Fernandes Padilha, nasceu na ilha de Itamaracá na atual comarca de Olinda na província de Pernambuco, no ano de 1797, foram seus pais Manoel da Assumpção Padilha e Dona Francisca Fernandes Padilha , era casado com a Ex. ª Dona Rosa Maria da Conceição Padilha, residente na província de Pernambuco, de cuja união existem filhos, que habitam na côrte, e naquela província, onde o ilustre general tinha muitos parentes. Faleceu em Santa Catarina em (07.07.1865) “Jornal do Recife 05.08.1862”
Nota de falecimento do Brig. Antônio Fernandes Padilha

Referência
Revista trimensal do Instituto do Ceará, Vol 15, pág. 300 e Anaes do Parlamento BrasileiroSessão de 1854, pág. 122.

10º — [1800] — Ceará
Maj. Joaquim César de Mello Padilha, cavaleiro do Cruzeiro e Aviz, natural de Pernambuco, que passou ao Ceará, com ramificações na cidade do Rio de Janeiro, deixando uma numerosa descendência com Dona Carlota Maria do Patrocínio.


CONCLUSÃO
Em súmula, percebo a emigração dos Padilla ou Padilhas oriundo daEspanha fora grande principalmente com passagem pela Ilha da Madeira,Portugal e depois chegando ao Brasil entre os séculos XVI e XVII. Há outros ramos da família que desembarcaram no Brasil posteriores aos séculos XVII e XVIII, principalmente pós guerra, originários de Portuga, Espanha, Argentina, Uruguai e até do Chile, esses populando os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e outro.

Os ramos mais primitivos da família Padilha no Brasil deixaram uma imensa descendência principalmente nas regiões do Nordeste e Sul e esses migraram por todo país. Minha descendência procede dos Padilhas do Nordeste da qual obtenho um imenso ramo genealógico com mais de 1.000 nomes pesquisados, porém ainda não estabeleci conexão com o ramo europeu.

Ah,
Quanto a descendência da nobreza espanhola, é possível que possamos dela proceder, não posso afirma com veracidade que sejamos do mesmo tronco de Pedro I de Castela, dado que precisamos levar em consideração muitos fatos históricos e o contexto desses períodos.

Lembram da União Ibérica (1580–1640)?, dinástica entre as monarquias de Portugal e da Espanha após a Guerra da Sucessão Portuguesa, quantos espanhóis (Padilla) devem ter migrados para territórios portugueses e ali, nascendo suas futuras gerações?.


Enfim, mas estamos muito perto de constatar a genuinidade dos fatos e assim identificados faço questão de compartilha-los e contribuir para os anais genealógicos.

Fonte: https://medium.com/meu-legado/fam%C3%ADlia-padilha-os-primeiros-padilhas-do-brasil-6e168357baec#.uslqe0izb